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Estórias da História

Publicações recomendadas

Citação de Peplin, há 26 minutos:

@Black Hawk, a obra do Joaquim Veríssimo Serrão sobre a História de Portugal vale a pena ou há melhor? Queria adicionar à minha biblioteca uma obra completa sobre a História de Portugal, mas neste caso estamos ainda a falar de 18 volumes, é um bocado.

A História de Portugal do Mattoso é muito melhor, mas mais densa.  A do Oliveira Marques também é boa e mais acessível. Mas quer uma quer a outra são muito mais fixes que as do Serrão. 

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Obrigado aos dois. 🙂 Agora deixaste-me na dúvida, Augusto. :mrgreen: Vou ter que pensar bem, até porque os 18 volumes da obra do Serrão são uma brincadeira cara.

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O problema com a Feira Medieval de Óbidos

[NOTA PRÉVIA: Esta é uma nota de cariz mais pessoal, cuja essência não deixa no entanto de ser perfilhada pelos meus colegas da página.]

Tendo visitado a última edição da Feira Medieval de Óbidos, posso dizer que o problema da Feira não é a sua (tremenda falta de) organização. Não é, também, a ganância cega das entidades responsáveis, que empilham ou deixam empilhar um sem-número de barracas e tendas num espaço extremamente exíguo e sem quaisquer condições de segurança para as centenas de pessoas que a visitam. Tão pouco é que a Feira se degrade ano após ano e recicle as mesmas diversões, os mesmos intervenientes, as mesmas músicas (quem de nós não conhece já a melodia da música “Rokatanc” de trás para a frente, nas suas mil variações gaita-de-foleiras?).

Não, o problema da Feira Medieval de Óbidos – tal como de quase todas as feiras ou eventos “medievais” do País (se excepções as há, não as conheço) – é um e só um apenas: a palavra “medieval”. É que, ao arreigarem-se desse pequenino e tão melindroso termo, acarretam também uma responsabilidade de educar o público, de lhe tentar passar uma imagem minimamente coerente e correcta do que era a vivência na Idade Média. Obviamente, isto não acontece. Ele há vikings, ele há dragões a emergir por ruínas clássico-plásticas, ele há cortejos infindáveis de gente em fantochadas pseudo-quinhentistas dignas de Carnaval; barracas a lembrar casinhas de fantasia dignas do Hobbit; tudo debaixo de uma série de panos decorados, impressos (!) com motivos florais de feição intrinsecamente moderna que se encontram à venda em sites de vectores básicos por 10€ o conjunto. Junto a um dos portões encontravam-se dois “leprosos” que mais ar tinham de quem esteve no meio do acidente de Alcafache [sem querer ofender qualquer vítima directa ou indirecta da tragédia]. E atente-se à dissonância cognitiva: junto à bilheteira apresentava-se um aviso de regras a cumprir para quaisquer pessoas trajadas “medievalmente” que desejassem entrar na feira. O aviso indicava, entre outros, a proibição do uso de figurinos ou de tecidos impróprios para a época; do uso de sapatos/botas com sola de borracha; de acessórios plásticos… Princípios salutares e quiçá básicos num evento que se quer efectivamente medieval. O grande problema está em encontrar uma pessoa – apenas uma; alvíssaras a quem ma achar – das centenas de participantes e figurantes que se bamboleiam feira afora, muitos deles em tristes figuras (“bruxas” e “alcoviteiras” e “mendigos”) e a incomodar os visitantes, que não cometa pelo menos duas ou três infracções graves contra esta lista de regras.

De medieval nada há, mas tudo se vende. Porque é nesta versão rameirizada do “medieval” que toda a gente, desde a Câmara aos figurantes aos comerciantes, faz o seu dinheiro. É esta a palavrinha que atrai, de Norte a Sul do país, o povo que não sabe, que quer saber, e que sai destes eventos a saber menos – se não sair também com uma indigestão de tanta carne grelhada. Quem os devia educar afasta educadamente a água do seu capote. Para quê gastar dinheiro num figurino decente, dirá o “recriador” (nem um deles digno desse nome), se o público não vai saber apreciar a diferença? Para quê tentar gastar dinheiro em espaços e artistas decentes, dirão as edilidades da terra, se ao público é tudo a mesma coisa? Bastam uns ares, uns vernizes que cheirem vagamente ao que o visitante acha que a época é. Nem uns nem outros têm em conta que, se ao público escapa essa diferença entre o correcto e o incorrecto, é fundamentalmente por culpa sua, e da imagem errada da Idade Média que nalguns casos criam e que noutros ajudam simplesmente a perpetuar. O que se trata aqui é, fundamentalmente, de um dever moral para com a História e para com a verdade. E se é normal uma obrigação moral escapar-se ao olhar dos políticos, que toda a gente – comerciantes, artesãos, músicos, figurantes, etc. – compactue com esta desonestidade intelectual é um acumular de vergonhas inconcebível.

Dizia uma senhora ao meu lado, sentada numa mesa toscamente cortada (porque, na Idade Média, as pessoas tinham aparentemente horror a superfícies planas): “Isto é tão divertido! Imagino a pipa de massa que eles não fazem…”. Porque o critério fundamental é esse: o lucro. Que se dane a acuidade histórica, quando o povo se diverte. Vende-se, a troco de muitos euros gastos em cerveja ou sangria, grelhados e bugigangas cuja qualidade varia entre o duvidoso e o risível, uma noção de “medieval” que em nada corresponde à verdade histórica. Não admira o repúdio convicto dos historiadores – quem, teoricamente e por uma questão lógica de gosto, mais devia estar interessado num evento do tipo – a este género de certames. Os bombeiros de Óbidos, esses, lá agradecem: revertiam alguns dos fundos para eles. Com o dinheiro que ali se ganha, bem que devem ser a força de socorro mais bem equipada do país.

À vila de Óbidos acabam por assentar muito bem os frisos amarelos dos seus pitorescos edifícios. Afinal de contas esta era, na Europa da Idade Média, umas das cores commumente associadas à prostituição.

Post da página de Facebook "Repensando a Idade Média" que subscrevo totalmente.

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Opinião sobre a feira medieval de Santa Maria da Feira?

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Citação de a.lopes, há 19 minutos:

Opinião sobre a feira medieval de Santa Maria da Feira?

Gosto bastante, apanho sempre umas p*tas valentes, mas sofre do mesmo mal que os meus colegas identificaram para óbidos. 

Editado por Augusto

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Citação de a.lopes, há 26 minutos:

Opinião sobre a feira medieval de Santa Maria da Feira?

Costumo ir quase todos os anos, que sou de perto. Se for a tua primeira vez em feiras desse género, e realmente tiveres interesse no ambiente medieval, nas reconstituições de batalhas (são espetáculos muito porreiros, por acaso), etc, vais gostar. A Feira por si só, é uma cidade bonita. A Viagem Medieval ocorre mesmo no centro da cidade - que é próximo do castelo - e tens lá um monte de bancadas com cenas de artesanato e bijuteria, há actividades que vão de acordo com a natureza do evento, bem como sítios para comer e beber bem. Os espetáculos e as barracas creio que fecham por volta da meia noite, mas tens depois uma série de bares dentro do centro da Feira.

A entrada também é baratita. Acho que o bilhete diário são uns 3 euros. 

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Sinto que desperdicei o vosso tempo por não ter sido específico, sorry 😁

Eu sou da Feira e sei bem como é a feira medieval em termos de bebida e comida.

Queria era perguntar como é vista pelo mundo dos especialistas em história 

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Embora seja uma série deixo aqui:

https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p37163

Aproveitem para ver, enquanto está no RTP PLAY e continua a passar na RTP2. Vai no 4º ep. Um olhar pela Europa da primeira metade do século XX. Vai do armistício de 1918 à anexação da Áustria em 1938 e ascensão do Hitler. Guerras, Revoluções, Nacionalismos, Comunismos...

É baseado em cartas, diários e memórias de vários intervenientes. 

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Mais um post da página "Repensando a Idade Média", a qual volto a recomendar a todos.

Um relato da Peste Negra: o testemunho de Guy de  Chauliac, físico de Clemente VI


__________________

A partir de 1347, uma nova calamidade chegou a uma Cristandade Latina já em crise havia algumas décadas: a Peste Negra. Estima-se que entre um quarto e um terço da população europeia tenha morrido entre 1347 e 1350, e a calamidade despoletou ou acelerou todo o tipo de transformações económicas, sociais, culturais e religiosas, para além de ter agravado a instabilidade de que a Europa sofria na época. Ninguém sabia como se propagava, embora se tivesse consciência do contágio, e toda uma série de explicações surgiram, umas mais baseadas nos conhecimentos “científicos” da época e outras em teorias da conspiração. Mesmo hoje em dia, a etiologia da Peste Negra tem continuado a ser altamente debatida, sendo hoje o consenso actual que o agente responsável era a bactéria “Yersinia pestis” - não consigo pôr o nome em itálico ou sublinhado aqui no Facebook, como deve ser escrito -, transmitida pela pulga do rato preto ou por gotículas inaladas, no caso da fatal (mas felizmente minoritária, com cerca de 10% dos casos) peste pneumónica. Aliás, ainda hoje a peste bubónica não só existe, como ainda há reservatórios do agente etiológico da doença em roedores de zonas como a Ásia Central ou partes dos EUA e todos os anos há nessas regiões novos casos da doença, embora hoje seja tratável com antibióticos.

Sem querermos por enquanto fazer uma publicação com um quadro de conjunto do que foi a Peste Negra, que ficará para outra altura, ficam estas notas para o leitor perceber melhor o que vamos apresentar a seguir: o relato de Guy de Chauliac, físico de Clemente VI em Avinhão quando a Peste Negra chegou lá em 1348, no seu “Chirurgia Magna”, com uma descrição bastante expressiva do quadro clínico da doença, do caos social provocado pela pandemia, das causas da doença consideradas na época assim como a prevenção e tratamento possíveis na segunda metade do século XIV. A tradução portuguesa aqui divulgada é da responsabilidade de João Gouveia Monteiro.

“Nós vimos manifestamente os abcessos serem perigosos na grande mortalidade, de tal modo que nunca se ouviu falar de coisa parecida; a qual apareceu em Avinhão, no ano de nosso Senhor de 1348, no sexto ano do pontificado de Clemente VI, ao serviço do qual era então, por sua graça, o servidor indigno. (...) A dita mortalidade começou no mês de Janeiro e durou pelo espaço de sete meses. Ela foi de duas espécies: a primeira durou dois meses, com febre contínua e expectoração de sangue; e morria-se disso em três dias. A segunda ocupou todo o tempo restante, também com febre contínua, abcessos e carbúnculos nas partes externas, principalmente nas axilas e nas virilhas: e morria-se dela em cinco dias. E era de tal modo contagiosa – especialmente aquela que tinha a expectoração em sangue – que não apenas morando juntos, mas também olhando-se, uma pessoa apanhava-a de outra; de tal modo que as gentes morriam sem ajuda e eram sepultadas sem padre. O pai não visitava o seu filho, nem o filho o seu pai; a caridade estava morta e a esperança abatida. (...)

E eu digo que ela foi tal que jamais se ouviu falar de coisa parecida; porque comparada com aquelas que nós lemos que surgiram numa cidade da Trácia, da Palestina ou outras do tempo de Hipócrates, citadas no seu livro “Das epidemias”, até aquela que aconteceu a respeito dos Romanos do tempo de Galiano, no seu “De euchimia”, e aquela da cidade de Roma no tempo de Gregório, nenhuma foi tão grande quanto esta. Pois aquelas não ocuparam senão uma região, enquanto esta [ocupa] todo o mundo; aquelas eram remediáveis de uma forma ou de outra, esta [não o é] de forma nenhuma. É por este motivo que ela era inútil e vergonhosa para os médicos, de tal modo que eles não ousavam visitar os doentes com medo de serem infectados, e quando os visitavam, nada podiam, nem ganhavam nada, porque todos os doentes morriam, excepto uns tantos no final, que escaparam com bubões maduros. Muitos hesitaram sobre a causa desta grande mortalidade. Em alguns lugares, acreditou-se que os Judeus tinham envenenado o mundo, motivo porque os mataram. Em alguns outros [lugares] acreditou-se que eram os pobres mutilados e perseguiam-nos. Em outros eram ainda os nobres, e por isso também eles receavam circular pelo mundo. Finalmente, chegou-se ao ponto de ter guardas nas cidades e nas aldeias e não deixar entrar ninguém que não fosse bem conhecido. E se eles achavam pós ou unguentos em alguém, temendo que fossem venenos, obrigavam-nos a engoli-los.

Mas o que quer que o povo diga, a verdade é que a causa desta mortalidade foi dupla: uma activa, universal, e a outra, passiva, particular. A agente universal foi a disposição de certa conjunção das maiores, de três corpos superiores, Saturno, Júpiter e Marte, a qual tinha precedido, no ano de 1345, o 24º dia do mês de Março, no 14º grau do Aquário. Pois as maiores conjunções significam coisas espantosas, fortes e terríveis, tais como as mudanças de reinado, a chegada de profetas e as grandes mortalidades. E elas são dispostas segundo a natureza dos signos e o aspecto daqueles segundo os quais se fazem as conjunções. Não há portanto que se espantar se uma tão grande conjunção significa uma prodigiosa e terrível mortalidade, pois ela não foi apenas uma das maiores, mas quase máxima. E porque ela foi em signo humano, ela dirigiu o mal sobre a natureza humana; signo fixo, significa longa duração. Pois ela começou no Oriente um pouco após a conjunção e durava ainda no 50º ano no Ocidente. Ela imprimiu uma tal forma no ar e nos outros elementos que, da mesma maneira que o íman atrai o ferro, ela pôs em movimento os humores densos, ferventes e venenosos; misturando-os no interior, isso formou abcessos de que se seguiram febres contínuas e escarros de sangue no início; a dita forma era tão poderosa que confundia a natureza. Depois, quando ela se atenuou, a natureza menos perturbada tratou de rejeitar o que podia exteriormente, principalmente nas axilas e nas virilhas, causando bubões e outros abcessos, de modo que estes abcessos externos eram o produto dos abcessos internos.

A causa particular e passiva foi a disposição dos corpos, tal como a cacoquimia [1], o enfraquecimento e fechamento dos poros, razões pelas quais morria a populaça, os laboriosos e os que viviam mal. Dirigiu-se todo o esforço sobre a cura preventiva antes do ataque, curativa após o ataque. Para a prevenção não havia nada de melhor do que fugir da região antes de ser infectado; purgar-se com pílulas aloéticas, diminuir o sangue por flebotomia [2], purificar o ar pelo fogo, confortar o coração com teriaga [3], com frutos, com coisas de bom cheiro, confortar os humores com bolo arménio e resistir à putreacção com coisas ácidas. Para o tratamento curativo, faziam-se sangrias e evacuações, electuários [4] e xaropes tónicos. Os abcessos externos eram amadurecidos com figos e cebolas cozidas, moídos e misturados com fermento e com manteiga, pois eles eram abertos e tratados à maneira das úlceras. Os bubões eram ventosados, escarificados e cauterizados.”

[1] Cacoquimia: debilidade.
[2] Flebotomia: abertura de uma veia para realizar a sangria.
[3] Teriaga: antídoto contra a mordedura de animais.
[4] Electuário: medicamento composto por uma mistura de drogas com açúcar ou mel. 

Fonte: Monteiro, João Gouveia (2006). “Colecção Estudos”, vol. 58, “Lições de História da Idade Média (Sécs. XI-XV)”. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, págs. 208-213 e 228-230.
_______
~ José

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Citação de Mayday, Em 18/08/2019 at 20:51:

Embora seja uma série deixo aqui:

https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p37163

Aproveitem para ver, enquanto está no RTP PLAY e continua a passar na RTP2. Vai no 4º ep. Um olhar pela Europa da primeira metade do século XX. Vai do armistício de 1918 à anexação da Áustria em 1938 e ascensão do Hitler. Guerras, Revoluções, Nacionalismos, Comunismos...

É baseado em cartas, diários e memórias de vários intervenientes. 

Outra cena que pode interessar.

https://www.rtp.pt/play/p5454/1938-racial-laws-fascism

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Passou ontem no Canal História o tal documentário sobre Portugal, Templários e o "Porto Graal".

Episódio 4 dos "Templários e o Santo Graal" para quem estiver interessado.

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Citação de Black Hawk, Em ‎19‎-‎08‎-‎2019 at 17:32:

Mais um post da página "Repensando a Idade Média", a qual volto a recomendar a todos.

 

 

A meio do texto pensei, sure, blame the jews :mrgreen:

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Citação

"(...) The business of dying in early modern England predominantly involved a religious rite, the liberation of the soul from its carnal prison, and its escape, it was hoped, into the heavenly hosts. The seventeenth-century deathbed of the Puritan Philip Henry offers an exemplar of this well-staged drama. Sensing death coming over him, Henry took elaborate farewells of his family, bestowing upon them religious blessings and warnings, and repeatedly uttering pious ejaculations, mixed with prayers and Scripture texts. ‘His Understanding and Speech continued almost to the last Breath,’ concluded his biographer. ‘One of the last words he said, when he found himself just ready to depart, was O Death, where is thy——with that his speech falter’d and he quickly expired.’ His death was exemplary and was written up as such.


Sudden deaths, which threatened this choreographed good death, were dreaded. But they were common. Letters and diaries tell sad stories of tragic drownings, falls, fires, firearms explosions, mishaps with tools, knives, poisons, and ubiquitous traffic spills. From its opening issue in 1731, the Gentleman’s Magazine carried a column headed ‘Casualties’, meaning strokes of fate. Readers of the February number encountered someone drowned in Islington ponds, one man dropping dead of an apoplectic fit, two murdered in their beds, a pair suffocated while digging a pit, a coal-dealer falling out of a lighter, an attorney tumbling into a fire, a man drowned in the Thames, another in Queenhythe dock, a city butler, just fired, who slit his throat, a servant’s arm broken after a granary collapsed, a house-fire by the River Medway, another in a Stratford corn-mill, a silk-weaver who cut his throat, a drunken clock-maker likewise, a labourer slaying his children, a man gored by an ox in Cheapside, and, completing the carnage, an Oxford student who lurched off Bottley Bridge and met a watery end. In the March number we find an Eton scholar stabbing his chum to death with a penknife (on the playing fields?), and the burning of the Duke of Beaufort’s seat, with much loss of life. None of these people had a good death.


Appalled by the waste of life, enlightened thinkers abandoned fatalism for self-help, taking in the process steps which some saw as a blasphemous challenge to the inscrutable ways of God. Smallpox inoculation was introduced – though it met resistance from the Calvinist Scottish kirk, since it seemed to gainsay Providence. First-aid techniques were pioneered. First-aid manuals go back as far as Stephen Bradwell’s Helps for Suddain Accidents (1633), but it was enlightened practicality and consumerism which got first-aid organized, not least through the sale of ready-made medicine chests and of instruction manuals for the public. In his best-selling Domestic Medicine (1769), William Buchan condemned the ‘horrid custom immediately to consign over to death every person who has the misfortune by a fall, or the like, to be deprived of the appearance of life’. Many lives, he believed, could be saved and all, if properly trained, could save lives: ‘every man is in some measure a surgeon whether he will or not.’ Through such developments, death was beginning to be taken out of the hands of God.


Another resource lay in the hospital movement. Between 1720 and 1745 five great new London hospitals were founded through bequests and private philanthropy: the Westminster, Guy’s, St George’s, the London and the Middlesex; provincial and Scottish infirmaries followed. Every hospital made provision for emergency and casualty admissions. Exclusively targeted at accidents was the Institution for Affording Immediate Relief to Persons Apparently Dead from Drowning, founded in 1774 – in 1776 it changed its name to the Humane Society and from 1785 it became Royal. The Society’s aim was to teach rescue techniques, especially in case of accidents with water. It also supplied equipment, awarded prizes and published pamphlets which advocated mouth-to-mouth resuscitation, tobacco clysters, electric stimulation and the importance of keeping warm. In winning publicity for itself, the Humane Society found an eager organ in the Gentleman’s Magazine. Inspired by the Society, newspapers began to carry advice for dealing with accident victims. ‘A correspondent has communicated the following directions for the recovery of persons seemingly drowned,’ Jopson’s Coventry Mercury told its readers on 31 May 1784:


'In the first place, strip them of all their wet cloaths; rub them and lay them in hot blankets before the fire: blow with your breath strongly, or with a pair of bellows into the mouth of the person, holding the nostrils at the same time: afterwards introduce the small end of a lighted tobacco-pipe into the fundament, putting a paper pricked full of holes near the bowl of it, through which you must blow into the bowels.'
 
Exactly paralleling the new concern with ascertaining the true signs of death and snatching back the ‘apparently dead’ was growing anxiety about premature burial. The fear of being buried alive became a public issue after Jacques-Bénigne Winslow, Professor of Anatomy in Paris, published in 1740 a paper on the uncertainty of the signs of death: absence of pulse or breathing were not to be taken as definite marks – the onset of putrefaction alone was a reliable indicator of irreversible dissolution. ‘Lifeless’ patients who could not safely be declared dead should be subjected to resuscitation procedures: tickling the nose with a quill, shrieking into the ears, cutting the soles of the feet with razors, inserting needles under the nails or thrusting a hot poker up the anus. Burial should be delayed.


Increasingly, the dying left explicit requests to ensure that they were not buried alive. Some asked for their hearts to be cut out, others to be embalmed. Miss Beswick, an elderly lady who died in Manchester, left 20,000 guineas to her doctor, Charles White, on condition that she was never buried.


Fired by experience with the apparently drowned and the prematurely buried, bold spirits mooted the taboo prospects of actually bringing people back from the dead, for instance through electric shocks. In this connexion, Galvani’s celebrated experiments proved particularly ‘galvanizing’. In 1792 this Italian naturalist described experiments in which the legs of dead frogs were suspended by copper wire from an iron balcony; as the feet touched the iron uprights, the legs twitched. These sensational experiments – life seemingly being restored to the incontrovertibly dead – were followed up by his younger contemporary Alessandro Volta. The connexions between electricity and the stuff of life implied by such researches proved highly charged, to say nothing of the apparent blasphemy involved in the possibility of ‘resurrection’ by human means.


Such Promethean hopes came to experimental fruition on humans in London on 17 January 1803, when Giovanni Aldini applied galvanic electricity to the corpse of the murderer Thomas Forster, whose newly hanged body had been rushed from Newgate to an anatomy theatre. When wires attached to a galvanic pile were hooked up to the criminal’s mouth and ear, ‘the jaw began to quiver,’ so it was reported, ‘the adjoining muscles were horribly contorted, and the left eye actually opened.’ Applied to the ear and rectum, the wires ‘excited in the muscles contractions much stronger… as almost to give an appearance of re-animation’. Such experiments encouraged literary and artistic fantasies in the Gothic mode, most celebratedly in Mary Shelley’s Frankenstein (1818), which pursued the idea not of reanimation but of creating life out of inert matter de novo. (...)"

"Flesh in the Age of Reason", Roy Porter

 

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Não matem a História

Neste novo ano lectivo, na minha escola e na maioria das escolas portuguesas, a disciplina de História vê reduzida em um terço a sua carga horária curricular semanal. Sem tempo, a aula de História converte-se provavelmente num monólogo.

Estive ausente do ensino 15 meses. Regressei à escola e constatei muitas mudanças — para pior. A mais dolorosa, a mais preocupante, é a mudança ocorrida com a minha disciplina, História, que viu reduzida a sua carga horária semanal nos 8.º e 9.º anos de escolaridade.

Em 2017, a disciplina de História era leccionada em dois tempos semanais (90+ 45 minutos). Porém, partir de 2018, passou a ser leccionada em dois tempos lectivos de 45 minutos, no 8.º ano, acontecendo o mesmo, a partir deste ano lectivo, no 9.º ano. Não quero acreditar.

Vou ter que ensinar História “a correr” e História ensinada “a correr” corre o risco de morrer. A incoerência entre a acção e o discurso político neste assunto é manifesta. Senão, vejamos.

A 31 de Agosto, na página oficial da Presidência da República, para assinalar os 80 anos do início da Segunda Guerra Mundial, o Presidente da República afirmava: “(…) Devemos, pois, ensinar às gerações mais novas o que foi a Segunda Guerra Mundial, para que os milhões de mortos não tenham perecido em vão (…).”

Gostaria que o senhor Presidente da República soubesse que, a partir deste ano lectivo, os alunos do 9.º ano de escolaridade, da minha escola e da maioria das escolas portuguesas, vão ter apenas quatro ou cinco aulas de 45 minutos para estudar “Da Grande Depressão à Segunda Guerra Mundial”.

O senhor ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, numa entrevista recente, afirmava: “É fundamental que as disciplinas mais tradicionais continuem a ser adensadas”. Não será a História uma disciplina tradicional? Será adensar sinónimo de reduzir?

O senhor secretário de Estado da Educação, João Costa, no âmbito do I Encontro de Educação, em Cantanhede, afirmou: “Não cortem nas disciplinas de Ciências Humanas, nomeadamente na disciplina de História, pois um povo sem memória é um país doente”.

Senhor Presidente da República, senhor ministro da Educação, senhor secretário de Estado da Educação, factos são factos, a História está a ser assassinada.

Neste novo ano lectivo, na minha escola e na maioria das escolas portuguesas, a disciplina de História vê reduzida em um terço a sua carga horária curricular semanal. Sem tempo, a aula de História converte-se provavelmente num monólogo. Pelo que as consequências pedagógicas deste novo espartilhar da disciplina de História entra em clara contradição com o que se encontra plasmado no próprio decreto-lei da Flexibilidade Curricular, que prevê a implementação de metodologias de trabalho que permitam, entre outras, a promoção de capacidades de pesquisa, de relação e de análise, assim como o domínio de técnicas de exposição e de argumentação.

Quando assistimos aos avanços dos populismos, das fake news, do revisionismo dos factos históricos, e quando continuamos a ter baixíssimos níveis de participação cívica, não é sensato diminuir o peso de uma disciplina que tem um papel indiscutível na compreensão do mundo em que vivemos.

Se não querem “um povo sem memória” e “um país doente”, façam qualquer coisa. Não matem a História.

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Totalmente de acordo e é um excelente apanhado de como o discurso sobre a História e a sua importância é diametralmente oposto à acção dos (ir)responsáveis que gerem o plano curricular.

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eu já sinto q no meu tempo aprendi tudo a correr, pouco, e tudo muito condensado. lembro-me que não tinha tempo para realmente compreender a matéria, nem formar opiniões próprias. só tinha tempo para empinar

tenho pena q tenha aprendido assim e q a história n tivesse acompanhado até msm na faculdade

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Citação de Ticampos, há 37 minutos:

@Black Hawk Por momentos pensei que fosses tu a falar na primeira pessoa. LOL

Fico honrado por leres aquilo e pensares que o poderia ter escrito :mrgreen:

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Para além da redução de carga horária, o tempo é ainda dividido em dois blocos de 45 mins leccionados cada um em dias distintos. Chegar e não chegar professores/alunos, chamadas e sumários, já lá vão uns 10 mins de aula com o crl. 

É das disciplinas mais valiosas que existem no ensino. Lembrem-se também que uma considerável percentagem dos alunos dessas turmas do 8º e 9º ano não vão seguir Línguas e Humanidades, portanto esses anos serão os seus últimos anos com a disciplina. Depois queixem-se que ninguém vai às urnas em tempos de eleições ou que os jovens não querem saber de política. 

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Se bem me lembro, acho que se perde demasiado tempo com parte da História que não nos é tão importante. Acho que falei pouco ou nada das guerras mundiais, por exemplo, que são bem mais importantes no contexto actual.

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As minhas memórias das aulas de História no básico são meses e meses de homens caçadores-recoletores e decorar cronologias até à exaustão. Odiava a disciplina e isso ficou me marcado para sempre. Só uns 10 anos depois é que descobri que afinal até gosto bastante de História, em particular dos últimos 200 anos.

Isto para dizer que a questão da duração das aulas é importante mas não vale de nada se não se alterarem programas e métodos de ensino.

Editado por Quan Chi

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Segimda-feira começo a dar aulas. Vai ser lindo 😂😂😂

 

O meu foco principal vai ser criar uma consciência histórica, não quero que saibam apenas datas e nomes.

Agora estou doente não me apetece escrever mais. (Autismo ativado)

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Citação de Quan Chi, há 2 horas:

As minhas memórias das aulas de História no básico são meses e meses de homens caçadores-recoletores e decorar cronologias até à exaustão. Odiava a disciplina e isso ficou me marcado para sempre. Só uns 10 anos depois é que descobri que afinal até gosto bastante de História, em particular dos últimos 200 anos.

Isto para dizer que a questão da duração das aulas é importante mas não vale de nada se não se alterarem programas e métodos de ensino.

Exatamente o meu caso, com a exceção que continuo a ser um ignorante sem interesse

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Citação de Augusto, há 2 horas:

Segimda-feira começo a dar aulas. Vai ser lindo 😂😂😂

 

O meu foco principal vai ser criar uma consciência histórica, não quero que saibam apenas datas e nomes.

Agora estou doente não me apetece escrever mais. (Autismo ativado)

Boa sorte!

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