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Tópico da Poesia

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Ora bem, assinalando e comemorando o dia nacional da poesia. Achei que seria uma boa altura para criarmos um tópico de partilha poética.

Podem ser poemas nossos ou de outros. Que seja um tópico livre para a expressão e partilha poética. 

Começo com um meu:

"Ontem dormi na rua para saber

E mil pensamentos vieram para me desconhecer

Continuo a encontrar-me e a procurar conhecer.

Em mil camas já dormi

E em mais mil camas dormirei,

Espero eu.

Pois em cada uma delas,

Descubro o valor de um novo descanso.

 

A cada noite tento repousar os pensamentos

Para surgirem os sentimentos em seu lugar,

Em forma de estranhos circos mentais aleatórios,

Muitos deles sem palhaços e trapezistas.

O que me leva a uma questão:

"Quem comprou bilhete para este circo desprovido de malabarismos e palhaçadas?"

A mente responde:

"Eu"

 

E  aqui estou eu.

A dormir e à procura de acordar"

 

Deixo aqui algumas coisas, um deles é uma montagem em video com vários filmes tendo o "The Hollow Men" do T.S. Elliot como narração e inspiração. Os outros dois que se seguem são de uma colaboração entre um poeta e um músico. Achei muito interessante o resultado, abre portas para uma união de várias expressões.

 

Editado por frnk th tnk
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Pinta, meus lábios pinta!

Disse-me ela de joelhos

Eu! Peguei no pincel!

E pintelhos.

 

 

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Poesia é uma cena que fui começando a perceber nos últimos dois anos, mas ainda é um campo bastante ignoto para mim. Por isso, não é muito comum escrever poemas. Mas vou deixar a minha participação no tópico, de qualquer das formas, com algo que escrevi há uns meses:

 

"O céu traja-se cinza

e a chama do isqueiro

 alumia-me a ponta do cigarro;

Dispo a barriga,

fazendo da camisola tigela:

lá verto castanhas queimadas

para mim e para ti,

meu amor.

 

Sentas-te num tronquinho de madeira,

eu no cimento do soalho.

Estás particularmente pálida hoje.

Descascas a castanha  

sem te afligires das mãos,

Já sabes o que vai lá dentro.

Não te é nova,

meu amor.

 

O ruído que emana do fogareiro

deve cessar não tarda.

Pedes-me uma passa fria

Lanças cinza no cimento,

antes de cuspires a castanha

e fletires o gesto em desagrado.

Eu como esquivando o palato.

 

Creio que já se foi

o nosso verão de S. Martinho,

meu amor."

 

Também por volta dessa altura, veio-me à cabeça um jogo de palavras interessante, mas não consegui desenvolver muito mais para além de uma estrofe:

 

"Quando do peito sorvia somente leite,

e o leito não servia somente pelo deleite.

Queria cessar de ser o sujeito assustado pelo sempiterno crescer do número;

Só queria voltar a emanar do teu útero."

 

Na senda dos projetos que partilhaste aí, eu gosto bastante de um criador chamado Illneas, que narra poemas de vários poetas sobre cenas de filmes ou de filmagens realizadas por ele próprio, como é o caso deste vídeo, onde ele declara um poema do Bukowski:

 

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De Carlos Drummond de Andrade

Citação

O medo

                        A Antonio Candido

        "Porque há para todos nós um problema sério...
         Este problema é o do medo."
                   (Antonio Candido, Plataforma de Uma Geração) 

 

Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas

do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

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Esta m*rda do vírus já estragou o lançamento do meu livro de poesia pela Douda Correria, que ia acontecer nestas semanas. Enquanto não estou a nadar em fama e em dinheiro, dedico-vos este bonito momento de literatura: 

 

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Vou aproveitar este tópico, até porque tinha falado disso, para repetir o que disse no tópico da Literatura:

 

Citação de Chandler, Em 28/05/2020 at 13:07:

Amigos, saiu nestes dias o meu primeiro livro de poesia. A edição é bonita e estou muito contente com quem o publicou.

Claro que ficaria feliz se me lessem, mas talvez mais importante, suportem quem faz o trabalho meritório que eles fazem:

https://doudacorreriablog.wordpress.com/2020/05/11/na-duvida-dedicaremos-o-fim-alexandre-costa/

Não vão existir lançamentos, pelo menos não nestes meses. Isto condiciona sempre o potencial de venda do livro, mas não há grande coisa a fazer.

Podem encontrá-lo em boa parte das livrarias independentes: Poesia Incompleta, Snob, Letra Livre, Paralelo W, Tinta nos Nervos, Ennui, Flur Discos (tudo em Lisboa), Flâneur e Poetria no Porto (não sei se já o têm), a Pracinha (Beja) e Fonte de Letras (Évora). 

Ou podem, claro, encomendar directamente à Douda. O livro é muito barato para quão bonita ficou a edição, são 8 eurinhos.

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There Will Come Soft Rains

"There will come soft rains and the smell of the ground,
And swallows circling with their shimmering sound;

And frogs in the pools singing at night,
And wild plum trees in tremulous white,

Robins will wear their feathery fire
Whistling their whims on a low fence-wire;

And not one will know of the war, not one
Will care at last when it is done.

Not one would mind, neither bird nor tree
If mankind perished utterly;

And Spring herself, when she woke at dawn,
Would scarcely know that we were gone."

Sara Teasdale

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Citação

"Brian Cox reads If I Must Die, by beloved Palestinian poet, teacher and martyr Refaat Alareer.

Refaat was killed on December 7th by an Israeli airstrike.

This was the last poem he published."

 

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